sexta-feira, 21 de agosto de 2009

20 anos sem o Mestre


Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros por mês

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar um Corcel 73

Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa

Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa

Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto: E daí?
Eu tenho uma porção de coisas grandes
Pra conquistar, e eu não posso ficar aí parado

Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família ao Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos

Ah! Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco

É você olhar no espelho
Se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
Que só usa dez por cento de sua
Cabeça animal
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte
Para nosso belo quadro social

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador

(Ouro de Tolo - Raul Seixas)

Raul Santos Seixas (Salvador, 28 de Junho de 1945 - São Paulo, 21 de Agosto de 1989)

20 anos sem o Carpinteiro do Universo. Me sinto orgulhosa e honrada, só por ter nascido no mesmo dia do ano que ele.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Companhia desconhecida

Hoje acordei tarde, por volta das 11 da manhã. Me vesti, penteei o cabelo. Quando vi, já era meio dia, e a minha mãe já chegava, e o almoço já estava pronto.Quando terminei de almoçar fui me arrumar pro trabalho, pra quem não sabe, trabalho como auxiliar em um escritório de contabilidade. Enfim, rotina normal de sempre, apesar das férias suínas, de que vou postar alguma coisa em breve.
Mas hoje, acordei com uma vontade enorme de falar, de escrever, registrar as coisas, nem que elas não chegassem a lugar nenhum,agora não sei aonde esse texto vai chegar. Mas acordei com uma boa companhia, o que não vejo todos os dias.
Parece coisa de diário, onde a gente registra nossa rotina, mas parece que hoje foi diferente. O que antes parecia uma rotina, me pareceu poesia. Não sou muito de escrever coisas poéticas, ou rimadinhas com musicalidade e ritmo.Mas hoje, não sei, tinha algo por dentro, ou por fora, que guiava minhas palavras e minha mente, para um lado desconhecido, de que eu sei que vou descobrir, por que eu sei que o que está por dentro, ou por fora, vai durar, mesmo que não dure pra sempre.
Algo que não sinto saudades, mas que também nunca vi pessoalmente, mas mesmo assim, há algo profundo por dentro, que de alguma forma se manifesta por fora.Agora estou fechada em um quarto escuro, escrevendo sobre isso. Mesmo sem saber o que é. Mas quem souber, guarde pra si mesmo. Quero ter o prazer de descobrir sozinha

Um beijo, até a próxima.

domingo, 9 de agosto de 2009

Amigos&Colegas

Eu sempre fui uam pessoa que nunca se queixou por falta de companhia, alguém pra conversar, confiar, contar tudo, sempre tive ótimas amigas. O estranho, é que a maioria das melhores amigas que eu tive, eram da minha turma no colégio. Eram minhas colegas. Bom, eu tenho uma(s) colega(s) que realmente é(são) minha(s) amiga(s).
Enfim, ultimamente, algumas dessas minhas "amigas" têm me provado ao contrário. Realmente, não sei o que houve. Talvez por que de uns tempos pra cá, eu mudei, passei a gostar de outras coisas, outros jeitos, outras opiniões, conheci pessoas novas.E talvez por essa mudança eu tenha me isolado de algum modo de amigos que são mais conhecidos, gostam da moda, do que está na moda, das coisas mais ouvidas etc. Mas eu procuro amigos, e não popularidade.
Mas sabe o que mais? Não vou ficar jogando minhas palavras e meu tempo pra quem não me dá valor, pra quem não me aceita. A melhor coisa do que fazer novos amigos, é conservar os velhos, e eu conservo cada um, mas se não querem me conservar, não posso fazer nada. Mas que saibam que em outras escolhas, eu vou saber quem levar, quem vai me acompanhar.
E eu agradeço aos amigos de verdade que eu tenho, porque eles aceitam os meus gostos, desgostos, medos, balões, e eu sei que eles sempre vão estar ali pra me ouvir, assim como eu sempre estarei aqui pra ouvir eles.

Ok, isso foi um megasuper desabafo, então não fico lá essas coisas né, mas eu precisava disso.
Enfim, obrigada por quem leu.

Um beijo, até a próxima.

domingo, 2 de agosto de 2009

Melodias inaudíveis

Fim de semana não tão monótono, mas também nem tão agitado, mas também, nada comum.É fácil falar, ai, fiz isso, fiz aquilo. Mas estranho, é falar o que eu senti durante esse fim de semana, nem só no fim de semana, mas durante as férias inteiras. Talvez, uma sensação de vazio, mas não é infelicidade.Talvez, uma coisa inexplicável, indecifrável. Quando me sinto contente, mas não completa, insatisfeita. Talvez me falta voltar a trabalhar, sinto falta de sair, me enturmar, rir ao lado dos outros
Acho que mais alguém já se sentiu assim, eu acredito, pelo menos. Uma coisa que não é eterna, mas enquanto vive dentro da gente, parece que nunca vai sair.Seria lindo, se coisas assim fossem tão eternas quanto elas parecem ser.
Será que as coisas são mesmo assim, tão falsas, será que enganam mesmo a gente, ou será que nós mesmo nos deixamos nos enganar por uma coisa assim? Queria ter as respostas pra isso, queria mesmo, mas se nem os que estão acima de mim sabem, quem sou eu pra descobrir?!
Apesar de sermos seres tão frágeis quanto uma pétala, temos que sobreviver como se fossemos de ferro quanto aos nossos próprios sentimentos. Mas é impossível, eles são tão maus, nem avisam, apesar de serem tão lindos e suaves como melodias, da qual nem sequer podemos ouvir, apenas vivem dentro da gente, sem causar nenhum som, apenas conseguimos sentir eles por dentro.
Mas uma hora, as melodias sempre acabam, e causa aquele silêncio que faz a gente se sentir oco por dentro, que parece que somos uma pétala e só. Não temos mais forças pra tentar ser de ferro, e o nosso coração vira vidro, e começa a se despedaçar como se uma pedra tivesse acertado ele.
Mas uma hora, em um outro dia, a gente consegue ajuntar os cacos de vidro, e uni-los novamente, e fazer com que eles virem um diamante. E dentro dele volta a tocar as melodias, das quais nem podemos ouvir, mas sabemos que elas estão ali dentro pra nos sentirmos completos. Melodias inaudíveis, mas que por dentro, bem... cada um sabe como elas soam dentro de si.